quarta-feira, outubro 20

Seis peças de roupa em 1 mês

Projeto veiculado pela internet desafia: será que você consegue passar 1 mês combinando apenas seis peças de roupa entre si? Muitos adeptos passaram a ter uma visão bem diferente sobre o consumismo e o estilo de vida que levavam
Por Marcelo Cypriano



Quase todo mundo já passou por situações curiosas e até engraçadas quando o assunto é roupa. Quem nunca ficou parado diante de um guarda-roupa abarrotado e soltou um “não tenho nada para usar”? Quem nunca deu aquela arrumada geral e percebeu que não usa certas peças há muito tempo – e elas ali, ocupando um espaço precioso? Certamente você também conhece alguém que perde mais da metade do tempo que usa para se arrumar só escolhendo as roupas e acessórios – e isso em dias normais, não somente em ocasiões especiais.

Duas amigas de Londres, as publicitárias Heidi Hackemer e Tamsin Davies, também se viram diante dessas questões em uma das muitas visitas a lojas da cidade. Se não se preocupassem tanto com o que vestir e o que comprar teriam mais tempo livre para outras atividades? Bolaram então uma ideia e a veicularam primeiramente pelo Twitter: será que você consegue usar somente seis peças de roupa durante 1 mês? Na primeira semana, mais de 100 pessoas aderiram.

Para facilitar a vida dos adeptos, não entram na conta acessórios, roupas íntimas, agasalhos, roupas de ginástica ou de banho, uniformes de trabalho ou escola e sapatos. Outra vantagem: peças iguais contam apenas como uma, para que os praticantes não precisam lavar as roupas todos os dias.

Mas qual a filosofia por trás da empreitada? “Não há uma em especial”, diz Heidi. “Cada um tira uma lição muito própria com a experiência. A maioria assume ser algo relacionado ao consumismo, outros vêem o desafio à criatividade para combinar as peças entre si e ter dezenas de looks diferentes. Outros simplesmente se sentem mais livres”.

A ideia deu tão certo, que do Twitter passou a ter um blog, o “Six Items or Less” (Seis Itens ou Menos), com adeptos do mundo todo que se credenciam e depois compartilham suas experiências em posts, comentados pelos outros participantes ou visitantes. Na relação de participantes do mundo inteiro e de várias culturas, até agora só um brasileiro, um publicitário de Belo Horizonte. Uns usam seus próprios nomes, e outros criam pseudônimos.

Experiências marcantes

Muitos, ao terem sua criatividade desafiada, elaboraram verdadeiros “uniformes”. Uma mesma peça de roupa usada com diferentes acessórios dá a impressão de ser várias peças diferentes. Houve quem simplesmente declarou “não consegui”, enquanto outros revolucionaram o guarda-roupa e doaram muita coisa que não usavam. Alguns gostaram tanto da ideia que passaram a adotá-la, mesmo após o mês de participação no projeto ter acabado.

Como tinha uma ótima desculpa para não comprar roupas, já que não poderia usá-las, uma participante nova-iorquina do Brooklyn (codinome ‘The Kheshire Kat”) descobriu: “Eu finalmente entendi o que significa qualidade”. Durante a experiência, ela viu em uma loja uma blusa de 200 dólares que a encantou. Conteve o impulso e não comprou. Logo depois, em outra seção da mesma loja, viu outras blusas que produziam o mesmo efeito e custavam menos de 20 dólares, só por causa da marca. Hoje, ela acha que 35 dólares, por exemplo, é dinheiro demais para uma blusa. “Talvez eu veja vocês todos para um segundo hound”, diz ela aos participantes, querendo encarar mais 1 mês de desafio.

Uma executiva de Seul, na Coreia do Sul, cujo apelido virtual é “Yonhana”, topou a brincadeira, mas levou-a a sério. “Logo percebi o quanto meu guarda-roupa estava repleto de peças muito parecidas com as seis que escolhi para passar o mês.” Ela teve dificuldades em combinar as peças, mas acabou se acostumando e manteve o desafio a que se propôs. “Hoje, meu guarda-roupa está apenas metade cheio, e percebi muito sobre o estilo de vida que eu levava”, diz a coreana, que acabou usando o mesmo princípio em outras áreas de sua vida, cortando os excessos.

Outro a aderir à rede mundial de participantes foi um diretor de uma empresa de design do Texas, Estados Unidos. O que começou como uma brincadeira para ele (codinome “ATX”) tornou-se uma nova percepção em relação às redes sociais e de como o mundo funcionará a partir das mudanças que sofre no momento. Percebeu quanto tempo perdia pensando no que vestir, e que isso não era tão importante quanto imaginava. Percebeu também que as pessoas não reparam tanto no que você usa, desde que não seja nada ofensivo visualmente. ATX declarou que agora os designers das marcas famosas têm mais dificuldade em seduzi-lo com seus apelos comerciais, e ainda assim ele não se sente malvestido. O executivo passou a prestar mais atenção no cuidado com as roupas para que durem mais, em aspectos como lavagem correta, como guardar, e passou a entender mais sobre qualidade ao avaliar uma peça para compra.

Muitas outras experiências de gente do mundo todo estão disponíveis no site, algumas engraçadas, outras encorajando novos participantes, mas uma coisa é certa: todos os que gostaram passaram a ter um comportamento diferente no que concerne ao consumo e ao estilo de vida que seguiam sem nem mesmo saberem o porquê. O mais interessante foi ver a globalização dos costumes, pois pessoas dos mais variados países e culturas diferentes que aderiam ao consumismo passaram a priorizar aspectos mais importantes da vida.


Fonte: http://www.arcauniversal.com/comportamento/noticias/seis_pecas_de_roupa_em_1_mes-2092.html

Um comentário:

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