Segundo psicólogo, a mágoa desencadeia vários problemas emocionais e físicos
Por Elliana Garcia
Quem nunca teve o coração dilacerado por uma mágoa? E se a dor é forte, o antídoto para curar as feridas é o perdão. O ato de perdoar é tão sublime que está presente na oração do Pai Nosso e em tantas outras passagens da Bíblia. E se ele causa bem estar do ponto de vista espiritual, a falta dele pode trazer malefícios à saúde física. Confira entrevista com o psicólogo e psicoterapeuta Gustavo Pereira Mohallem que enfoca se existe uma hora certa para pedir perdão; como perdoar de verdade e as diferenças entre perdoar e desculpar.
A mágoa proveniente da falta de perdão pode evidenciar sintomas físicos, como torcicolo, escoliose, lombalgia, insônia; assim como potencializar sofrimentos mentais (chamados por muitos de "Transtornos"), sendo eles: Depressão, o TOC. (Transtorno Obsessivo Compulsivo), Síndrome do Pânico, Transtorno Bipolar do Humor, entre outras neuroses. Considero aqui a grande possibilidade de a pessoa já ter uma pré-disposição biológica e assintomática para tais sofrimentos, e o agravante da mágoa não trabalhada e perdão não liberado acarreta certamente consequentes agravos emocionais.
Perdoar faz-se como princípio, uma decisão, uma escolha. Onde se pratica uma renúncia ao sentimento de rancor e raiva. O esquecimento é apenas uma conseqüência. Ele vem quando deixamos de dar atenção ao acontecimento e colocamos nosso foco de atenção na assertiva decisão de liberar a pessoa de nossa consciência e seu erro. Não preciso esquecer o que fizeram, mas lembrar sem sofrer, sem se angustiar, afinal, o perdão já foi liberado.
A partir do momento que a mágoa começa a interferir na sua vida, no seu humor, nos seus relacionamentos. Não existe um limite de tempo. Sempre é tempo de perdoar e de pedir perdão. A mágoa é como se fosse uma mochila cheia de grandes pedras. Decidindo pelo perdão, eu decido trazer à tona a liberação a quem me magoou e assim torno leve o meu fardo; deixando de carregá-la comigo.
De coração sincero, estando inteiro e consciente da decisão. Pode ser até doloroso, mas todos que já perdoaram se sentiram melhores após liberarem o perdão. E não importa se é a primeira vez que se perdoa. Como diz o nosso bom e sempre manual de fé e regra prática: Perdoe até setenta vezes sete.
Sim. A partir do momento em que começamos a "guardar mágoas", estender sofrimentos e histórias mal resolvidas, automaticamente nos privamos de pessoas, nos excluímos de opções, ou mais ainda, deixamos de praticar a segunda chance e transformar ou ter uma transformação de vida. Além do mais, quem guarda mágoa fica sempre lembrando da ferida e não vive a vida plenamente, sempre ficará com aquela sensação de que está faltando algo, que na verdade é o perdão.
Desculpar é um verbo costumeiro, corriqueiro do dia a dia. A prática de sua fala está automatizada na nossa linguagem, enquanto que o perdão soa com honestidade e aciona uma conjugação mais visceral, isto é, apesar de vermos aqui somente uma questão de nomenclaturas, o perdão é bíblico, é sublime, e quem perdoa cresce como ser humano.
Existem pessoas mais prontas para perdoar do que outras. Parece um tanto quanto polêmica esta frase, ou mesmo aberta a se questionar. Mas o perdão se aprende, se pratica e muitas vezes não se sente, apenas se decide por querermos estar mais inteiros conosco mesmos e com o outro. E se eu realmente me importo comigo, com minhas emoções e sensações, não me deixarei dominar pelo ódio e rancor. Decido, escolho estar livre e acessível a quem porventura faltou comigo. E quando a gente perdoa, vê o quanto aquilo fez bem e vai aprendendo na prática a liberar perdão em outras situações.
Fonte:
http://www.arcauniversal.com/comportamento/noticias/perdoar_faz_bem-1857.html